Uma rápida busca nos sites dos fabricantes nos revela a complexidade da situação que hoje vemos no cenário automotivo não só no Brasil, mas também no mundo.
Excluindo os modelos lançados recentemente, mesmo os produtos com um mercado que dura vários anos atingiram níveis de preço que, de outra forma, os colocariam em outros segmentos.
Podemos usar como exemplo a Fiat, a multivan Doblò já quebrou a barreira dos R$ 110 mil. Considerando seu preço na maioria dos estados, o preço tabelado atualmente está na média de R$ 111.990 na versão Essence 1.8 de 7 lugares, a única disponível atualmente para o transporte de passageiros.
Na mesma linha também encontramos na Volkswagen o sedã compacto Voyage, o modelo mais antigo pode chegar a R$ 81.140 se equipado com transmissão automática e motor 1.6 16V.
Tanto para o Doblò quanto para o Voyage, vale ressaltar que estamos falando de modelos que já estão tecnicamente desatualizados sem oferecer controle de tração e estabilidade.
Além de ser caro, o Voyage nem tem rádio no estoque, contando apenas com os equipamentos básicos (ar condicionado, direção hidráulica, travas e vidros elétricos).
O acréscimo da central multimídia, rodas de liga leve de 15 polegadas (ca. 38 cm), entre outras opções disponíveis no pacote “Urban Complete”, eleva o preço final do sedã para R$ 87.760.
Além de Voyage e Doblò, pudemos coletar alguns exemplos de modelos cujos preços aumentaram fortemente nos últimos meses. Por exemplo, na linha Chevrolet hoje encontramos um Spin Activ 7 na faixa de R$ 110 mil, ao menos, este modelo tem controle de tração e estabilidade.
Mas o que explica essa escalada no preço dos veículos que observamos atualmente?
Para entender isso, precisamos colocar as consequências da pandemia nas indústrias de todo o mundo em perspectiva. Os bloqueios ou fechamentos prolongados se tornaram necessários para controlar a disseminação do novo coronavírus interromperam a cadeia produtiva, afetando significativamente o ciclo de abastecimento de novos veículos.
Ao mesmo tempo, a inflação, a reabertura da economia e a injeção de estímulos financeiros em alguns países levaram os preços de algumas commodities a novos máximos. Isso sem falar na falta de alguns componentes cada vez mais usados nos veículos modernos, como os semicondutores.
Como resultado, os estoques estão ficando menores à medida que a demanda aumenta novamente, o que resulta em preços mais altos para os consumidores.
Segundo economistas e especialistas do mercado financeiro, resta saber se a alta dos preços das commodities e da inflação em geral será permanente ou temporária.
Há uma forte suposição de que esses aumentos serão temporários e não mais ocorrerão na intensidade atual, já que alguns países começam a consolidar seu processo de reabertura.
Embora ainda não saibamos qual será o rumo da indústria automotiva, se você puder esperar antes de trocar ou comprar outro carro, pode ser algo mais razoável. Com uma produção mais organizada, talvez os preços pelo menos se estabilizem no médio prazo.